Capacitor eletrolítico
Existe uma regra geral de que, quanto mais baixa for temperatura de
funcionamento, mais tempo os componentes dos PCs tendem a durar. De uma
forma geral, um PC em que a temperatura dentro do gabinete fique em
torno dos 35°C tente a apresentar menos
defeitos e problemas de instabilidade e durar mais do que um onde a
temperatura fique em torno dos 45°C, por exemplo.
Naturalmente, existem exceções, já que no mundo real entram em cena
os imprevistos do dia-a-dia e até mesmo falhas na produção dos
componentes que abreviem sua vida útil. Mas, se você fizer um teste de
maior escala, monitorando o funcionamento de 100
PCs de configuração similar ao longo de 5 anos, por exemplo, vai ver que
uma diferença de 10 graus na temperatura influencia de forma
significativa a vida útil.
O principal motivo disso são os capacitores eletrolíticos, que são
usados em profusão na placa-mãe, na placa de vídeo e em diversos outros
componentes.
Os capacitores permitem armazenar pequenas quantidades de energia,
absorvendo variações na corrente e entregando um fluxo estável para os
componentes ligados a ele. Você pode imaginar que eles atuam como
pequenas represas, armazenando o excesso de água
na época das chuvas e entregando a água armazenada durante as secas.
Imagine uma situação em que o processador está em um estado de baixo
consumo de energia e subitamente "acorda", passando a operar na
freqüência máxima. Temos então um aumento imediato e brutal no consumo,
que demora algumas frações de segundo para ser
compensado. Durante esse período, são os capacitores que fornecem a
maior parte da energia, utilizando a carga armazenada.
Tanto o processador principal quanto a GPU da placa de vídeo e
controladores responsáveis por barramentos diversos (PCI Express, AGP,
PCI, etc.) são especialmente suscetíveis a variações de tensão, que
podem causar travamentos e até mesmo danos.
Basicamente, é graças aos capacitores que um PC pode funcionar de forma
estável.
Existem diversos tipos de capacitores. Os mais usados em placas-mãe e
outros componentes são os capacitores eletrolíticos. Eles possuem uma
boa capacidade e são muito baratos de se produzir, daí a sua enorme
popularidade. O problema é que eles possuem
uma vida útil relativamente curta, estimada em um período de 1 a 5 anos
de uso contínuo, variando de acordo com a qualidade de produção e
condições de uso.
Entre os fatores "ambientais", o que mais pesa na conta é,
justamente, a temperatura de funcionamento. Uma redução de 10 graus na
temperatura interna do gabinete pode resultar num aumento de até 100% no
tempo de vida útil dos capacitores, daí a
recomendação de caprichar na ventilação e, caso necessário, instalar
exaustores adicionais.
Durante a década de 1990 existiram muitos casos de placas-mãe com
capacitores de baixa qualidade (sobretudo em placas da PC-Chips, ECS,
Soyo e da Abit), que falhavam depois de apenas um ou dois anos de uso.
Recentemente, as coisas melhoraram, com os
fabricantes percebendo que usar capacitores de baixa qualidade acaba
causando mais prejuízo do que ganho. Infelizmente, como temos uma grande
predominância de equipamentos de baixa qualidade aqui no Brasil, ainda é
preciso ter cuidado.
Com o passar do tempo, os capacitores eletrolíticos perdem
progressivamente a sua capacitância, deixando os componentes
desprotegidos. O capacitor passa então a atuar como um condutor
qualquer, perdendo sua função. Sem a proteção proporcionada por ele,
os circuitos passam a receber diretamente as variações, o que, além de
abreviar sua vida útil, torna o sistema como um todo mais e mais
instável.
Como o processo é muito gradual, você começa notando travamentos
esporádicos nos momentos de atividade mais intensa, que passam a ser
mais e mais freqüentes, até chegar ao ponto em que você acaba sendo
obrigado a trocar de placa-mãe, pois o micro
simplesmente não consegue mais nem concluir o boot.
Nesses casos, o defeito raramente é permanente, de forma que ao
substituir os capacitores defeituosos, a placa volta a funcionar
normalmente. É aí que entram os técnicos e as empresas que fazem
manutenção de placas-mãe, substituindo capacitores e
outros componentes defeituosos.
Internamente, um capacitor eletrolítico é composto por duas folhas de
alumínio, separadas por uma camada de óxido de alumínio, enroladas e
embebidas em um eletrólito líquido (composto predominantemente de ácido
bórico, ou borato de sódio), que acaba
evaporando em pequenas quantidades durante o uso. Como o capacitor é
hermeticamente selado, isto com o tempo gera uma pressão interna que faz
com que ele fique estufado. Esse é o sinal visível de que o capacitor
está no final de sua vida útil. Em alguns
casos, o eletrólito pode vazar, corroendo as trilhas e outros
componentes próximos e assim causando uma falha prematura do
equipamento.
Ao contrário de chips BGA e outros componentes que usam solda de
superfície, os contatos dos capacitores são soldados na parte inferior
da placa. Embora trabalhoso, é possível substituir capacitores estufados
ou em curto usando um simples ferro de
solda, permitindo consertar, ou estender a vida útil da placa.
Atualmente, cada vez mais fabricantes estão passando a oferecer
placas com capacitores de estado sólido (chamados de Conductive Polymer
Aluminum), onde a folha de alumínio banhada no líquido eletrolítico é
substituída por uma folha de material plástico
(um polímero) contendo um eletrolítico sólido de alumínio. Por não
conterem nenhum tipo de líquido corrosivo, estes capacitores não são
susceptíveis aos problemas de durabilidade que caracterizam os
capacitores eletrolíticos.
Embora mais duráveis, os capacitores de estado sólido são mais caros
que os capacitores eletrolíticos. Como o uso deles aumenta em até US$ 10
o custo de produção da placa (o que acaba causando um aumento de até
20% no preço final), eles são oferecidos
apenas em placas "premium", desenvolvidas para o público entusiasta. Com
o passar do tempo, entretanto, o uso tende a se tornar mais comum.
Os capacitores de estado sólido podem ser diferenciados dos
eletrolíticos facilmente, pois são mais compactos e possuem um
encapsulamento inteiriço.
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