Onde quero
chegar? Bom, agora que já nivelamos todo mundo, vamos discutir os no-breaks.
Um no-break
de 600VA com um FP de 0,35, entregará, de fato, apenas 210W! Já um que tenha FP
de 0,60, entregará 360W.
Entenderam
agora o problema?
Para se
escolher conscientemente um no-break, é preciso estudar seu manual e analisar
várias características. Primeiramente: a sua potência aparente ( dada em VA ) e
seu FP. No meu caso específico, tenho um pequeno servidor com uma fonte de
300W. No entanto, sei que ele consome menos que isso, já que a fonte opera com
folga. Neste caso, é bem provável que este no-break de 600VA me atenda. Já
micros com fontes de 500W, que tenham placas de vídeo de última geração, vários
HDs e drives de DVD/CD, provalmente precisarão de no-breaks de 1 ou 1,2kVA (
lembrando: "k" é a abreviação de 1000 ).
Vamos
analisar outras características, retiradas do manual de um no-break nacional:
Além da
potência entregue e do fator de potência, ainda há vários pontos interessantes:
Tensão
nominal de entrada:
é a tensão da rede elétrica onde será ligado o no-break. Cuidado para não
comprar um equipamento incompatível com sua rede elétrica. No caso de dúvida,
escolha modelos "bivolt".
Faixa
de tensão de entrada: a menos que você tenha uma rede elétrica muito problemática, olhar apenas o
ítem acima já resolve a questão. Mas se existe uma grande variação na tensão
entregue pela sua concessionária de energia, é bom verificar se este parâmetro
é atendido. Variaçoes abaixo ou acima destes pontos podem danificar o no-break
ou fazer com que a bateria não seja recarregada.
Tensão
nominal de saída:
é a tensão entregue pelo no-break. Dependendo do equipamento, você pode ter que
alterar alguma configuração na fonte do seu micro.
Autonomia
típica: é
quanto tempo o no-break conseguirá entregar energia em sua saída, considerando
determinada carga ( tipicamente, 80% do total ). Esse valor pode ser mascarado
por vários fatores, use-o apenas como referência. Quando o no-break estiver
funcionando alimentado pela bateria, fique de olho nos sinais indicativos de
carga ( leds ou sinais sonoros ).
Frequência: a frequência da rede elétrica com a
qual o no-break consegue trabalhar. Para equipamentos fabricados no Brasil,
isso não é importante, mas nos importados, verifique sempre se conseguem
funcionar com 60Hz.
Forma
de onda:
idealmente, a forma de onda da saída deve ser igual àquela entregue pela
concessionária de energia, ou seja: senoidal. Infelizmente, gerar uma forma de
onda senoidal numa saída de potência é difícil e caro. No-breaks
"verdadeiramente senoidais" são grandes e caros. Equipamentos mais
baratos serão sempre "senoidais por aproximação" ou "stepped
sine wave".
Número
de tomadas:
quantos dispositivos poderão ser ligados ao no-break. Nunca use extensores ou
"T"s.
Tempo
de acionamento do inversor: aqui, precisamos de mais alguma teoria. Tecnicamente falando,
"no-breaks" são sistemas de alimentação contínuos, ou seja: havendo
ou não energia elétrica na entrada, haverá energia elétrica na saída. Eles usam
a rede elétrica para carregar, continuamente, suas baterias e usam as baterias
para gerar a tensão de saída.
Infelizmente,
hoje em dia se generalizou chamar qualquer sistema de "no-break", mas
o mais vendido ( até por ser o mais barato ) é o "short-break".
Diferente do anterior, este usa a tensão de entrada para alimentar a saída e só
começa a gerar energia quando há falha na entrada. E, da detecção da falta na
entrada até a geração propriamente dita, demora algum tempo... nesse caso, 1ms.
Se o sistema fosse um autêntico "no-break", esse tempo seria nulo e
nem constaria no manual. Procure sempre pelo menor tempo.
Filtro
de linha interno:
a maioria dos equipamentos vendidos hoje, já possui um filtro de linha, mas é
sempre bom ficar atento.
Estabilizador: não diz muito, já que três estágios
bem projetados podem equivaler a cinco de qualidade inferior.
Rendimento: óbvio que, quanto maior o
rendimento, menor será o desgaste e a perda. Portanto, escolha sempre os que
tiverem os maiores números.
Sinalização
audio-visual:
essa é uma parte importante, também. É preciso que o equipamento avise o que
está acontecendo: carregando a bateria, operando pela rede elétrica, carga
esgotando... quanto mais indicadores, melhor.
Os próximos
quatro ítens são comuns a todo bom equipamento. Se faltar algum destes, não
compre.
Proteção
fax-modem: se
for utilizar o no-break em casa ou num pequeno escritório, essa opção pode ser
interessante, já que proteje seu fax contra descargas na linha telefônica.
Particularmente, nunca vi muita utilidade, já que as linhas telefônicas têm que
ter proteção. É norma. Mas, como estamos no Brasil..
Partida
a frio: outra
coisa interessante e necessária. Alguns equipamentos não se ligam se não houver
tensão na linha. Portanto, se você quiser fazer um teste ou por qualquer
motivo, tentar ligar o no-break sem alimentação, nada vai acontecer. Prefira os
que tiverem essa característica.
Outro ponto
importante a ser verificado é se o no-break tem saída serial ou USB. Ela é
extremamente útil para avisar seu computador de que é hora de desligar, pois a
carga da bateria está no fim.